Visita ao afilhado Fernando (Medina – MG)
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Eu não imaginava que eu era tão importante para o Fernando, meu afilhado do Fundo Cristão para Crianças, que mora em Medina, no Vale do Jequitinhonha. Eu não sabia que era importante para sua família, para a associação que ele freqüenta. Para tantas crianças.
Quando a mãe dele veio na minha direção, veio aos prantos. Segundos depois fui em direção a ele, que me esperava com um buquê de flores, tímido, calado, em pânico. Ele não imaginava que seu encontro comigo teria duas ou mais câmeras como testemunhas. E eu queria muito abraçá-lo, talvez para dizer com o abraço aquilo de que as palavras não são capazes: que se dependesse de mim ele nunca teria passado por sequer uma dificuldade. Que eu queria vê-lo sorrindo o tempo todo, pleno e, que mesmo se eu nunca pudesse ver o seu sorriso, queria ter notícias de uma vida feliz.
Fernando tem 12 anos. É meu afilhado desde os quatro. São oito anos de compromisso com uma criança que eu não conhecia e que, agora, finalmente, pude tocar, abraçar, beijar, pegar sua mãozinha, sentir dela o calor. Olhar para os olhos dele e constatar minha impressão: Fernando é tímido, mas parece um menino arteiro. A mãe confirmou. Ele joga capoeira – e como cresce jogando capoeira. Enquanto eu o assistia, sentia um orgulho de mãe.
Amanda, a irmã mais nova de Fernando, é mais desinibida e chegou a mim antes dele. Não desgrudamos. Leonina como eu, eu logo descobri, ela fez comigo um trato de que me escreveria sempre para dizer se ele tem se comportado bem. E apesar de ser um ano mais nova que o irmão, parece cuidar dele. Em um determinado momento, Fernando, que se manteve recuado durante muito tempo em seu silêncio, resolveu tomar posse da madrinha e demonstrou discretamente um certo ciúme da irmã. Gostei da atitude. Mas o meu coração é grande. Saí de Medina pensando em apadrinhar mais um.
Naquela tarde, eu fui uma árvore de crianças. Porque elas não são carentes só de comida, dinheiro, escola. São carentes de contato, abraço, beijo, sorriso. Suas mães têm muitos filhos e muitos afazeres além delas.
O planejamento familiar, responsabilidade das políticas públicas, mal chega às populações carentes de Medina. Há uma burocracia enorme para conseguir uma esterilização de quem já tem mais de seis, oito, dez filhos.
Nesse contexto, a responsabilidade da Ascomed – Associação Comunitária de Medina, que é mantida pelas recursos do Fundo Cristão, é prestar uma assistência às crianças e suas famílias. A instituição oferece educação infantil, casinha de cultura, horta comunitária, programa de vigilância da qualidade da água e muitas outras atividades importantes que são fundamentais para que as famílias possam seguir suas vidas com um mínimo de alimentação, saúde e perspectivas de futuro para seus filhos.
Se o dia foi especial para as crianças, posso dizer que foi um dos mais importantes da minha vida. E vai ficar no coração para sempre.
Agora, mais do que antes, posso dizer: apadrinhar uma criança é uma experiência privilegiada. E esse ato que significa tanto para o Fernando custa para mim 42 reais por mês.
(fotos: Élcio Paraíso)
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Olá Dani.
ResponderExcluirApesar de a ter nos meus favoritos, é a 1ª vez que comento aqui. Tenho visto, dia após dia, que ninguém comenta esse post; achei lindo, esse texto, e essa iniciativa. Aquilo que fazemos poderá ter um impacto tão grande na vida das pessoas, como é testemunhado aqui.
Também tenho um blogue que sendo ecléctico nos tópicos, me deixa a triste certeza de que o que as pessoas querem é assuntos bonitos e fúteis ( eu tb tenho o meu lado de futilidade, mas ainda assim enxergo o lado menos bonito da vida), mas posto mesmo assim! É só ver a diferença de número de comentários entre uns posts e outros!
E é exactamente isso que eu quero dizer-lhe; apesar de ninguém ter comentado, esse texto poderá ter marcado alguém a ponto de o levar a uma atitude mais altruísta, do que sentir-se somente influenciado por si, no campo da moda.
Por isso, não deixe nunca de postar textos de solidariedade. Para mim, você mostrou uma faceta muito superior e muito mais válida do que ser somente uma pessoa que inspira conjuntos de moda.
Bem-aja!